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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

OPINIÃO - Vide Bula...




Há cerca de 10 anos publiquei este artigo no Jornal de Cajuru, num momento especial para o país, quando o esquema colorido havia sido desmantelado, e havia grandes expectativas quanto ao futuro político do Brasil.

Hoje aproveito para republicá-lo, como prévia para o Vide Bula II, que certamente trará novos medicamentos, para quem sabe, desta vez, curar o paciente. Uma coisa é certa: este já não está mais na UTI. Concordam?

O Brasil está doente. Êta frasezinha batida! Todo mundo está cansado de saber disso. O diabo é: qual remédio?

Muito se tem tentado com drogas tradicionais, ou novidades, porém até agora nenhuma teve o tão almejado efeito de curar este pobre enfermo.

Há bem pouco tempo foi tentada uma droga novíssima, quase não testada, mas que prometia sucesso total, a "Collorcaína", que, infelizmente, na prática de nada serviu, seus efeitos colaterais extremamente deletérios (como a liberação da "Pecelidona") quase acaba com o doente.

Porém, para o ano que vem, novos medicamentos poderão ser usados. Enquanto isso não acontece, o doente consegue se manter com doses de "Itamarina" que é uma espécie de emplastro que, se não cura, também não mata.

Mas, voltando ao ano que vem, se é que podemos voltar ao futuro, vamos estudar os possíveis medicamentos que teremos à disposição do moribundo.

A primeira droga a ser discutida já é uma antiga que estava em desuso e voltou com nova embalagem e novas indicações, podendo ser eficaz no momento.

Trata-se da "Paumalufina'', extraída do pau-brasil com a propriedade de promover perda das gorduras, principalmente estatais, acentuando a livre iniciativa. Tem como efeito colateral a crise aguda de autoritarismo e também de perdularismo, sendo contra-indicada para as democracias.

A segunda droga, também já testada, é derivada da "Pemedebona", a “Orestequercina", que atua em praticamente todos os órgãos, que passam a funcionar somente às custas da "Desoxidopropinainterferase", que promove desempenho muito mais fisiológico.

Esta droga tem como efeito colateral uma grande depleção das reservas, depleção esfa que pode ser fatal ao organismo.

Mais recentemente foi criada a "L.A. Fleurizina". Derivada da "Orestequercina", de maneira muito semelhante à mesma, sendo, entretanto, muitomais contundente e agressiva. É formalmente contra-indicada paraCarandirus e professores.

A terceira droga do nosso tratado é uma ainda não testada, mas já com fama de eficiência. Trata-se do "Cloridrato de Lulalá", derivada da "Estrelapetina", e, como efeito, promete revitalizar as células periféricas, tornando-as tão importantes quanto as do SNC (Sistema Nervoso Central).

É importante lembrar que a mesma pode causar imobilismo com liberação de seitas e dissidências. Tais efeitos colaterais podem ser evitados com injeção na veia de "antisectarina" e cápsulas de "Bonsensol".

Ainda é bom lembrar que o uso de tal substância provoca uma cor avermelhada em todos os órgãos.

A quarta droga que discutiremos é a "Tucanina Cacicóide", na verdade, um complexo de inúmeros componentes, como a "F.H.Cardozina", a "Zesserrinitrina", a "Mariocovase" e muitas outras mais que são muito eficientes "In Vitro", porém sem comprovação de efeito "In Vivo".

Seu maior efeito colateral é a interação de seus componentes que competem entre si, causando uma síndrome chamada "encimamurismo", síndrome esta extremamente deletéria e que pode invibializar o uso de tal medicamento.

Existem ainda drogas menores como a "Brizolonina" que, quando aplicada, provoca intensa verborragia e manias perseguitórias.

Há ainda a A.C. Malvadezina, uma droga extremamente tóxica que causa náuseas até em quem aplica.

Terminando nosso estudo, esperamos que, desta vez, os médicos saibam o remédio certo para salvar o doente.

Autor: Luiz Fernando Elias é cardiologista e, nas horas vagas, cronista. In: KOCH; ELIAS, 2006, p. 25-6.

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