O conceito de saúde mental, segundo a Organização Mundial de Saúde, se refere ao “estado de bem-estar, no qual o indivíduo percebe as próprias habilidades, pode lidar com os estresses normais da vida, é capaz de trabalhar produtivamente e está apto a contribuir com sua comunidade” (OMS, 2000.p.241).
A partir daí, não podemos pensar em saúde mental sem relacioná-la com o contexto social, com a realidade concreta, com os fenômenos sociais que interferem diretamente na vida das pessoas.
As representações sociais que as pessoas constroem acerca do “doente mental” encontra-se em contínuo movimento, onde as imagens e idéias se materializam nas condutas. Cabe ressaltar ainda, que a mídia e os meios de comunicação são importantes para a formação das Representações Sociais, onde jornais, televisão, internet fazem a mediação entre o conhecimento consensual e o conhecimento científico de um dado objeto social.
Dessa forma, as Representações Sociais são conjuntos simbólicos/práticos/dinâmicos cujo status não é a reprodução ou reação a estímulos exteriores, e sim a produção utilizando e selecionando informações a partir de repertório circulante na sociedade destinadas à interpretação e à elaboração do real. Assim, representar um objeto, pessoa ou coisa não consiste apenas em desdobrá-lo, repeti-lo ou reproduzi-lo, mas em reconstruí-lo, retocá-lo e modificá-lo.
A saúde mental está vinculada a qualidade de vida, ao bem estar, a capacidade de trabalhar e se relacionar com os outros de maneira equilibrada e positiva. A saúde mental vai muito além das doenças mentais. A doença mental se refere a um termo patológico que afeta a mente, provocando assim alterações de comportamento e um grande desconforto interior. Fazem parte das alterações de comportamento a ansiedade, oscilações no nível de humor, a memória, pensamento e percepção começam a ficar confusos, entre outros. Esses diferentes tipos de sintomas, com o passar do tempo vão se evoluindo e a partir daí caracterizam doenças mentais, tornando as pessoas disfuncionais a nível pessoal, social, familiar e laboral.
As causas das doenças mentais podem ser endógenas ou exógenas, ou seja, pode ser resultados de fatores hereditários, ou, menos dependente de nossa genética, fisiologia e biologia, mais reativas dos acontecimentos do dia-dia.
Independentemente da causa, a doença mental faz com que a pessoa se comporte de forma diferente, causando um imenso sofrimento psicológico e também algumas repercussões no nível físico. Esse comportamento “diferente” atrai medo, ao invés de apoio e compreensão, o que causa um sentimento de estranheza, exclusão social e estigmatização.
O estigma ou preconceito rotula a pessoa de tal forma que isola o indivíduo em relação aos outros, como se fosse uma pessoa marcada pelo passado de doença. Muitas vezes as relações sociais ficam prejudicadas como se o doente fosse um objeto de discriminação rejeitante.
Alguns termos como “louco”, “maluco”, “maníaco”, “desequilibrado mental”, “imprevisível”, “violento”, “preguiçoso”, “incapaz para o trabalho”, “perigoso”, são estigmas que discriminam a pessoa portadora de doença mental.
Essa discriminação afeta de uma forma negativa a interação social e o viver da pessoa enquanto ser humano, contribuindo também para limitar os recursos do tratamento. Estes preconceitos criam barreiras e impedem a procura de ajuda, o que retarda o tratamento adequado. Esse estigma, essa discriminação que há em torno do doente mental é fruto de uma ignorância, fruto de falsas crenças sobre a doença mental, ou seja, é fruto de uma consciência social moralmente negativa. Esses rótulos e preconceitos precisam ser derrubados.
Encontramos algumas Representações Sociais em relação aos “Doentes Mentais”:
• A doença mental é para toda a vida;
• A pessoa com doença mental pode contaminar outras com a sua loucura;
• Não se pode confiar em pessoas com doença mental; elas não sabem o que dizem nem o que fazem;
• A doença mental é culpa dos pais.
• A pessoa com doença mental é incapaz de trabalhar;
• Tudo o que estas pessoas dizem é insensato;
• A doença mental é deliberada e intencional ("ficam doentes porque querem");
• As pessoas com doença mental são completamente incapazes de tomar decisões sobre suas próprias vidas (ex., onde morar, o que vestir, o que comer);
• A pessoa com doença mental, ao longo da sua vida, fica progressivamente mais doente, mais incapaz;
• Pessoas com doença mental são violentas, perigosas, imprevisíveis; preguiçosas;
Devemos dar oportunidades a essas pessoas permitindo-lhes levar uma vida normal ao reingressar à comunidade como membros produtivos capazes de desenvolverem o seu potencial de vida.
DOENTES MENTAIS: ANTES DE JULGARMOS, DE REPRESENTARMOS, PRECISAMOS CONHECÊ-LOS!
"EM QUE MOMENTO, A MINHA LOUCURA É JUSTIFICADA, LIBERTANDO-ME DO QUE EU ME CONTRAPONHO, OU É CASTRADORA, PRENDENDO-ME EM TODAS AS CORRENTES QUE ME IMPEDEM DE VOAR MAIS ALTO?!!! COMO VOAR, SE AS MINHAS ASAS FORAM DEPENADAS, PENA A PENA, E CORTADAS EM TIRINHAS TÊNUES E IMPERCEPTÍVEIS?!!! ATÉ A LOUCURA É RELATIVA E QUESTIONÁVEL, DEPENDE DO PONTO DE VISTA E DA SENSIBILIDADE DE QUEM A ANALISA."
(AUTOR DESCONHECIDO)
Fonte: http://maisareis.blogspot.com/2009/11/representacoes-sociais-e-saude-mental.html
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